terça-feira, novembro 09, 2010

O apetite voraz da China por soja vai superar as previsões

O apetite voraz da China por soja vai superar as previsões
FERNANDO MURARO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA


Além da desvalorização do dólar, que tem contribuído decisivamente para a alta dos preços das commodities, a soja conta com um fator a mais para empurrar suas cotações para cima na Bolsa de Chicago: a China.
Estrela desse mercado já há alguns anos, o país asiático tornou-se o maior importador mundial do grão no início da década de 2000, quando tirou o posto da União Europeia.
Em dez anos, as compras da China multiplicaram-se por cinco, chegando a 50,5 milhões de toneladas na temporada 2009/10, o que equivale a 54% de toda a soja exportada no mundo, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).
Para 2010/11, a expectativa do órgão é que a China importe 55 milhões de toneladas. Apenas nos EUA, as compras chinesas já estão 24% acima das feitas há um ano, quando as importações já corriam em ritmo recorde.
Mas, de onde vem todo esse apetite da China por soja?
A primeira explicação, claro, tem a ver com o crescimento do país, que trilhou, em apenas três décadas, a distância entre a pobreza e a posição de segunda economia do mundo.
Para alimentar a maior população do planeta -são 1,3 bilhão de habitantes, boa parte dos quais comendo mais e melhor a cada ano-, a China precisa alimentar também, com soja, o maior rebanho mundial somado de suínos, aves e bovinos. Os números falam por si: na década de 1960, o consumo per capita de carne dos chineses era de aproximadamente 8 quilos por ano -metade da média mundial. Nos últimos dez anos, o consumo cresceu para 47 quilos, contra 33 quilos no mundo.
A segunda explicação vem da incapacidade de aumento da produção local. Embora seja o quarto país do mundo em extensão territorial, na China a agricultura tem de disputar espaço com desertos, montanhas, clima desfavorável e um crescimento urbano explosivo.
Com isso, a área cultivada com soja, que se concentra no nordeste do país, é mais ou menos a mesma de há 40 anos.
O solo ruim e o manejo rudimentar que predomina nas áreas rurais (ainda muito distantes da pujança das cidades que viraram cartão postal da China potência) resultam em uma produtividade que corresponde a pouco mais da metade da obtida nos EUA, no Brasil e na Argentina.
A produção está estagnada em torno de 15 milhões de toneladas, muito pouco perto de um consumo estimado em quase 70 milhões de toneladas -oito vezes mais que há 40 anos.
Como a safra 2010/11, ao que tudo indica, pende mais para 14 milhões do que para 15 milhões de toneladas -e como o governo mantém a estratégia de aumentar os estoques, que triplicaram de 2008 para cá-, é bem possível que a importação desta temporada se aproxime mais dos 60 milhões de toneladas previstos pelo mercado do que dos 55 milhões estimados pelo Usda.
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FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas.

Internet: www.agrural.com.br

Acompanhamento da Soja

A alta do dólar e seu efeito de reduzir a atratividade de algumas commodities fizeram com que a soja recuasse ontem na bolsa de Chicago. Os futuros para janeiro fecharam a US$ 12,7475 o bushel, desvalorização de 9,25 centavos de dólar. Segundo a Bloomberg, o dólar teve um de seus maiores ganhos desde agosto diante de uma cesta formada por outras moedas. Além disso, o fato pode ter contribuído para uma "correção", já que em 5 de novembro a commodity subiu para o mais alto patamar desde setembro de 2008, puxada pela demanda da China. "O dólar forte foi o principal fator do movimento fraco de ontem", afirmou Chad Henderson, da Prime Agricultural Consultants. Em Sorriso (MT), a saca do grão ficou estável em R$ 42,60, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

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