quarta-feira, novembro 28, 2012

Agricultura de precisão - Tecnologia a toda prova

A Agricultura de Precisão (AP), como é chamada no Brasil, é o sistema de produção adotado por agricultores de países de tecnologia avançada, sendo denominado por eles de Precision Agriculture, Precision Farming ou Site-Specific Crop Management. O processo surgiu como um sistema de gerenciamento de informações e teve seu crescimento potencializado a partir de avanços relacionados à tecnologia de referenciamento e posicionamento como o Global Positioning System (GPS) e as tecnologias de sensoriamento remoto. Conceitos surgiram a partir do emprego dessas técnicas na agricultura, como os de aplicação de insumos em taxas variáveis e dos Sistemas de Informação Geográfica (SIGs). Exatidão no processo A AP é uma filosofia de gerenciamento agrícola que parte de informações exatas, precisas e se completa com decisões exatas. Para o doutor em Fitotecnia e pesquisador do Badesul Desenvolvimento, José Luis da Silva Nunes, essa é uma maneira de gerir um campo produtivo metro a metro, levando em conta o fato de que cada pedaço da fazenda possui diferentes propriedades. "O principal conceito é aplicar os insumos no local correto, no momento adequado, e as quantidades necessárias à produção agrícola em áreas cada vez menores e mais homogêneas, tanto quanto a tecnologia e os custos envolvidos o permitam", explica o pesquisador. Dessa forma, a consolidação de tais tecnologias como ferramentas à disposição do produtor permitem visualizar a variabilidade espacial e temporal dos fatores edafoclimáticos de cada área agrícola, considerando as peculiaridades de cada parte no momento do manejo, ao invés de trabalhá-lo como se fosse uniforme. Os problemas iniciais encontrados no desenvolvimento do conceito e das práticas associadas à AP, como a dificuldade na interpretação de um volume considerável de dados, o elevado custo dos equipamentos, a adaptação das tecnologias às diferentes regiões do globo e a popularização das técnicas envolvidas no processo evoluíram para soluções viáveis, tornando-a ferramenta real ao alcance dos produtores. Combinação de tecnologia e informação A AP combina as novas tecnologias, associando a informação à agricultura comercial madura. É um sistema de manejo de produção integrado que tenta igualar o tipo e a quantia de insumos que entram na propriedade com as necessidades da cultura em pequenas áreas inseridas num campo da propriedade. Essa meta não é nova, segundo o pesquisador José Luis, mas as tecnologias disponíveis atualmente permitem que o conceito de AP seja percebido como realidade numa produção prática. Ela é considerada, por grande parte dos especialistas em informação e sensoriamento remoto, como um sistema para gerir a produção agrícola. Sendo assim, são definidas e aplicadas tecnologias com o intuito de otimizar os sistemas agrícolas - há um enfoque no manejo das diferenças produtivas e dos fatores envolvidos na produção.
A questão-chave da AP reside na existência da variabilidade nas áreas agrícolas e na necessidade de se criar condições de manejo que levem essa diversidade em consideração. Dessa forma, as ações em determinada área devem considerar que a aplicação de práticas num momento adequado apresentem como resposta maior potencial produtivo, com menor impacto sobre o meio ambiente. "A técnica envolve um complexo processo cujo fundamento se refere ao conhecimento espacial preciso da atividade agrícola, frequentemente baseado no uso de dados obtidos com o auxílio de satélites. Assim, a AP é uma filosofia de manejo da fazenda na qual os produtores são capazes de identificar a variabilidade dentro de um campo, e então manejá-la para otimizar a produtividade e os lucros", define José Luis. Tecnologia que funciona A Agricultura de Precisão foi frequentemente definida com base nas tecnologias que a permitem ser realizada, como o GPS ou os sistemas de taxa variável. Porém, tão importante quanto os dispositivos usados na agricultura de precisão é perceber que a informação usada ou coletada é o ingrediente principal para o sucesso do sistema. José Luis explica que o conceito de AP se distingue da agricultura tradicional por seu nível de manejo. "Em vez de administrar um espaço completo como uma única unidade, o manejo é adaptado para pequenas áreas dentro de um campo. A AP é um termo aplicado a uma larga ordem de tópicos que se relacionam ao manejo preciso de unidades pequenas de terra em contraste com o manejo tradicional, em que um campo inteiro é compreendido como uniforme. Essa oportunidade de se administrar pequenas áreas de terra individualmente se tornou possível devido à disponibilidade de sistemas de posicionamento globais que podem ser usados para a localização exata, em terra, de equipamentos e máquinas", esclarece. Na ponta do lápis "Precisar um processo" significa levantar todas as informações necessárias para a tomada de decisão. "Quando não ponderamos todas as informações, ou variáveis, por desconhecimento ou pela impossibilidade operacional de levantá-las, costumo dizer que 'deliberamos', e quando estamos com todos os dados, nós 'decidimos'. Dessa forma, a AP se refere aos processos pelo quais várias informações são levantadas para as tomadas de decisão, algumas, por vezes, muito difíceis", define o engenheiro agrônomo e consultor da Cia. da Terra, Hercílio Netto. Para ele, existem vários processos dentro de uma propriedade agrícola nos quais a AP deve ser utilizada, como no gerenciamento de frota, nos mapas de colheita a cada metro quadrado e para determinar a qualidade do produto final, como uva e café, em mapas de pulverizações a cada metro quadrado, na taxa variável de sementes para definir o estande de plantas, no nível de infestação de plantas invasoras e do ataque e severidade de doenças; e em atributos físicos do solo: compactação, condutividade elétrica, fração de argila, areia e silte, eletromagnetismo, propagação de raios gama, biomassa produzida (inferência para pragas e doenças de solo), nível de nitrogênio nas folhas, entre outros. FONTE: REVISTA CAMPO & NEGÓCIOS

Indutor de resistência de plantas otimiza o sistema

Os indutores são moléculas específicas que desencadeiam um complexo mecanismo de defesa das plantas contra estresses bióticos ou abióticos. Entende-se por estresse biótico aquele em que danos são causados às plantas por vírus, bactérias, fungos, insetos ou mesmo animais, seja por motivos de infecção e causa direta de doenças em plantas, seja pela herbivoria ocasionada por alguns insetos e animais. Por sua vez, os estresses abióticos são, de forma generalizada, aqueles nos quais a planta sofre em face de intempéries climáticas, salinidade e pH do solo, dentre outros. Apesar de as plantas não possuírem sistema imunológico como o dos animais, elas utilizam os mecanismos de defesa ao sofrerem qualquer espécie de dano, os quais se desencadeiam por complexos desdobramentos metabólicos. Ao invés de anticorpos elas possuem moléculas denominadas "indutoras" da resistência, e a esse processo chamamos de Resistência Sistêmica Adquirida (RSA). Após uma infecção, as plantas desenvolvem tal Resistência, o que provoca o aumento dos níveis de compostos que reduzirão a severidade dos sintomas causados pela ação dos agentes patogênicos. Direto ao ponto O leitor já deve ter compreendido os termos "resistência" e "adquirida". Então fica a dúvida: Por que sistêmica? Ao fazer um paralelo aos produtos fitossanitários - discriminados como "de contato" ou "sistêmico" -, a resistência é sistêmica por ser translocável pela planta, principalmente pelo floema. O universo das plantas encanta pela sua complexidade, contrariando pensamentos de que elas sejam simples vegetais. Outra forma sistêmica de indução da resistência da planta é pela síntese de compostos voláteis, os quais, além de agirem no vegetal que está sofrendo o ataque de um patógeno, também "sinalizam" o perigo para as plantas vizinhas, as quais imediatamente começam a desenvolver a Resistência Sistêmica Adquirida. Com isso, elas formam um processo em cadeia que será determinante não apenas à planta atacada, mas para todas aquelas que se encontram próximas a ela. Tendo em vista que, após o desenvolvimento da RSA, a planta sintetiza moléculas que a protegerão dos patógenos e de suas infecções, ou que reduzirão tais sintomas, fica evidente que essas moléculas, quando presentes, atuarão como indutoras do processo de resistência sistêmica. Há várias moléculas: algumas sintetizadas pela própria planta, outras, por bactérias ou industrialmente - nota-se, inclusive, que fragmentos de fungos podem ser utilizados como indutores. Os indutores As moléculas sintetizadas por plantas, bactérias ou fungos são consideradas como indutores naturais bióticos, e os outros como indutores abióticos. Existem inúmeros indutores bióticos, sendo que a literatura científica cita o ácido araquidônico, o ácido 2,6-dicloroisonicotinico, o ácido jasmônico e o ácido salicílico. Um exemplo de indutor abiótico é o acibenzolar-S-metil, já registrado no Ministério da Agricultura como um "ativador de plantas" e distribuído comercialmente. Outros tipos de indutores bióticos muito estudados são a harpina, uma proteína produzida por várias bactérias patogênicas que, ao ser inativada, age como uma indutora da resistência; e os fragmentos de Sacaromyces cerevisae - tais produtos já se encontram para comercialização no Brasil. Existe uma extensa lista de indutores, vários deles já registrados e distribuídos no Brasil. Resumidamente, o uso desses elementos permitirá que as plantas reajam com mais rapidez ao ataque de patógenos, podendo, inclusive, evitar que eles colonizem as culturas. Esses indutores podem ser substituídos pelos agrotóxicos para os plantios orgânicos, ou com o intuito de reduzi-los nos plantios convencionais. Vantagens Todas as plantas possuem formas de resistência, sendo imunes aos patógenos, em algumas vezes e, em outras, a rigidez da patogenicidade é minimizada. O melhoramento genético trabalha incessantemente para obter variedades cada vez mais produtivas e resistentes às principais doenças, aos insetos e nematoides. No entanto, não há nenhuma planta cultivada que seja totalmente livre de todos os patógenos. Em vista do fato de as plantas não serem imunes a todas as pragas e doenças, os indutores da Resistência Sistêmica Adquirida são uma alternativa moderna para minimizar os efeitos deletérios. Uma grande vantagem desses elementos reside no fato de que, por aumentarem a resistência das plantas, permitem que haja um controle de pragas e doenças sem o uso de agrotóxicos. Deve ser ressaltado que, em cultivos convencionais, é importante o uso racional de agroquímicos. No entanto, quando os indutores são utilizados, a quantidade aplicada nas culturas será reduzida, obtendo, segundo pesquisas recentes, até mesmo o controle de pragas e doenças-chaves. Vários indutores naturais são permitidos em cultivos orgânicos, facilitando o manejo e, por consequência, a adoção de práticas ecologicamente corretas. FONTE: REVISTA CAMPO & NEGÓCIOS

sexta-feira, novembro 16, 2012

Nutrição - Palavra-chave para maior produtividade e sanidade

Num futuro não muito distante, agricultores poderão trabalhar com adubação em tempo real, por meio de metodologias de quantificação nutricional com cálculo imediato da taxa de aplicação, sendo que, "sem uma nutrição equilibrada, a planta jamais conseguirá alcançar seu teto produtivo". Essa afirmação, do engenheiro agrônomo e consultor da Cia. da Terra, Hercílio Netto, se justifica pelo fato de os nutrientes utilizados pela planta serem absorvidos do ar e do solo. De modo geral, a nutrição pode ser segmentada em complementar, suplementar, de estímulo ou de proteção. A nutrição complementar é utilizada em situações nas quais não há determinado nutriente no solo, um fator essencial para a máxima produtividade. É o caso do boro, insuficiente em quase 100% dos solos brasileiros, assim como o manganês nos solos do Cerrado, além do cálcio e do magnésio, que são fornecidos pelo calcário. Hercílio Netto afirma que a boa nutrição contribui para o ganho em produtividade e para evitar perdas com o ataque de pragas e doenças. "A planta bem nutrida é capaz de resistir melhor aos processos infecciosos, e como o metabolismo dela está ajustado, não há substâncias livres na folha para o inseto se alimentar", detalha o profissional. Geralmente os ataques de insetos se dão em plantas nas quais a nutrição está em excesso; logo, o produtor deve cuidar para que os nutrientes não faltem ou sejam aplicados exageradamente. "O equilíbrio é tanto (ou mais) importante que o fornecimento", destaca Netto. Para atingir esse equilíbrio, existe a tabela de recomendação (5ª Aproximação), desenvolvida pelas universidades federais de Minas Gerais e que contempla a disponibilidade nutricional no solo. A nutrição moderna calcula, além da curva de demanda e absorção de nutrientes, o cálculo da adubação a partir do que a planta extraiu do solo e o que produziu - essa é a exportação de nutrientes, chamada erosão nutricional de porteira pelo fato de ela ir-se embora em caminhões. A soja, por exemplo, leva do solo um pouco de manganês, molibdênio, potássio, nitrogênio e fósforo. Netto prevê que todos os produtores poderão, por meio da agricultura de precisão, equilibrar o solo. Quando isso acontecer, a adubação será calculada em cima do que foi produzido, levando-se em conta a quantidade exportada, para chegar à adubação de manutenção. De ponta a ponta Na nutrição das plantas cultivadas são encontrados vários tipos de manejo nutricional. A primeira variável está na própria característica nutricional do solo, ou seja, sua fertilidade natural, seguida de fatores como nível tecnológico, genética adotada, campos de produção de sementes, expectativa de mercado, área própria ou arrendada, dentre outros aspectos.
De forma geral, a nutrição, a partir da correção, adubação, suplementação foliar, complementação corretiva de manejo, irá representar mais de 45%, do custo total para algumas culturas como milho, HF, e menos de 15% ao cultivo de algodão, por exemplo. Segundo Hercílio Netto, uma planta bem nutrida tem maior capacidade de absorver CO2, H2O, além de todos os nutrientes provenientes do solo. Com isso, ela se torna apta a expressar todo seu potencial produtivo, sendo capacitada a enfrentar as situações adversas, bióticas ou abióticas. Curva de exportação Na agricultura moderna muitos produtores já trabalham com a curva de exportação. A prática não exige alto investimento, mas o monitoramento da colheita é necessário. Netto explica que, nesse sistema, a adubação é recomendada precisamente para cada talhão, com o intuito de buscar a sustentabilidade e pregar que o terreno com maior produção deve receber mais adubo e vice-versa, sempre partindo do pressuposto que o solo já esteja equilibrado. Nesse momento as zonas de manejo começam a ser trabalhadas, partindo da adubação maior (onde há mais produção), e menor (onde a produção for reduzida). Nutrição por escala Há nutrientes que são mais importantes, de acordo com cada fase do ciclo da planta; isso não dizer que os demais não sejam demandados, uma vez que, para Netto, eles são nutrientes pontuais. "Há nutrientes, por exemplo, que são mais demandados na fase vegetativa, como nitrogênio, molibdênio, enxofre, sódio, manganês e cobre, por tratarem de elementos mais estruturais, importantes para a estruturação morfológica da planta. Em seguida entram os nutrientes necessários para a fase reprodutiva, que auxiliam na brotação das flores", esclarece o especialista, referindo-se ao potássio, cálcio, boro e nitrogênio. De uma fase para outra a planta muda completamente o seu metabolismo, e acumula o que produz no fruto. Esse, por sua vez, é chamado de dreno preferencial. Perenes x anuais Há uma distinção entre plantas perenes e anuais. Netto esclarece que a primeira, quando entra na fase reprodutiva, está preocupada em criar uma estrutura (fruto) de propagação que seja fonte de reserva para ela. "É importante o produtor saber que o metabolismo de uma planta perene, quando entra na fase reprodutiva, produz a estrutura de propagação, que é o fruto. O metabolismo da planta se volta para a produção de açúcares e os açúcares acumulam-se ali, para servirem de fonte de reserva", detalha. Nas plantas anuais como soja, feijão, milho e sorgo, não existe essa distinção. Tudo o que elas produzem é enviado para o fruto, sua estrutura de propagação; dessa forma, a planta não se preocupa com sua sobrevivência. Por isso há grande diferença entre a condução nutricional de uma planta perene e a de uma planta anual, lembrando que no primeiro caso é preciso equilíbrio, porque a planta vai produzir o fruto e continuará vegetando. Hora certa de adubar Para Hercílio Netto, ajustar a adubação das plantas perenes é muito mais complicado do que a das plantas anuais. O excesso de adubação é um problema enfrentado pelos produtores, além das adubações em épocas erradas. Para saber o momento ideal da adubação é preciso entender a fenologia da planta e suas fases, como a o período entre a florada e a fecundação. "Nessa fase, por exemplo, a planta precisa de cálcio e boro para formar o tubo polínico. Se a adubação acontecer em excesso, pode haver aceleração demais do metabolismo da planta - isso pode até afetar o processo reprodutivo dela", alerta o especialista. Ele recomenda que o produtor entenda a sua planta, saiba quantos dias ela passa em cada fase específica para, dessa forma, ajustar a adubação. FONTE: REVISTA CAMPO & NEGÓCIOS

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