quarta-feira, junho 06, 2012

Produção de hortaliças e frutas em ambiente protegido

O cultivo protegido é utilizado em todo o País, com destaque para os Estados que apresentam a maior área de produção, tendo à frente São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

Estima-se que o Brasil tenha em torno de 20 mil hectares em cultivo protegido, pulverizados em vários Estados, segundo o Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plástico na Agricultura (COBAPLA). Neste número estão inclusas as estruturas metálicas e de madeira, as quais comportam hortaliças, flores, frutas e a maior parte (2.500 ha) voltada para a produção de fumo, tanto de mudas quanto na secagem das folhas desta planta.

Números dados pela Secretaria de Agricultura de São Paulo mostram que dos 630 municípios do Estado, pelo menos um produtor em cada local cultiva sob ambiente protegido. Essa realidade se repete Brasil afora, mesmo nas cidades de pequeno porte.

Além das estufas propriamente ditas, o agricultor ainda tem a sua disposição os chamados viveiros, antes ripados para sombreamento, feitos com metal, arames e telas de sombreamento ou reflexivas e também os túneis plásticos (chamados de cultivo forçado) e os túneis altos e baixos, estes últimos utilizados para cultivo de morango, especialmente na região do Sul de Minas e, em alguns casos, na produção de melão.

Tecnologias relacionadas

Várias tecnologias podem ser relacionadas como ambientes protegidos. Algumas destas técnicas são: quebra-ventos, sombreamento, túneis altos ou baixos cobertos com plástico ou vidro, coberturas do solo, assim como estufas plásticas. A proteção sobre as culturas que se fazia com materiais vegetais (ramos de plantas, bambus, palha, etc.) ou vidro, que ainda pode ser feita, foi substituída com sucesso pelos filmes e/ou telas plásticas.

Vantagens do cultivo protegido

A grande vantagem do cultivo protegido, segundo o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Carlos Reisser Júnior, está na melhoria da qualidade, principalmente relacionada à aparência e sanidade, com redução do uso de químicos. "É importante saber que simplesmente o uso da cobertura com filmes plásticos não garante que o produto seja isento de agrotóxicos, mas se o ambiente proporcionado for bem manejado é possível que se reduza ou elimine o uso de alguns produtos químicos devido à eliminação dos agentes biológicos", expõe.

Como exemplo do que foi citado pelo pesquisador está o uso de telas adequadas, com as quais se podem eliminar alguns insetos que em cultivos sem proteção necessitam de controle. Por outro lado, alguns insetos se multiplicam melhor sob proteção de filmes plásticos, como os ácaros e pulgões.

No caso de doenças o ambiente bem manejado propicia a eliminação do risco de ocorrência, mas também propicia o aparecimento de outras. Reisser também salienta que em ambientes cobertos com filmes plásticos, principalmente, é mais fácil manejar pragas e doenças.

Outra vantagem das coberturas, apontada por ele, é a ampliação das épocas adequadas ao cultivo de algumas espécies em alguns microclimas. Por exemplo, pode-se ampliar o período de cultivo de alguns vegetais, principalmente aqueles que necessitam de condições climáticas especiais para produzir, como é o caso do tomate, pimentão, berinjela, feijão-vagem (em épocas de escassez), folhosas, especialmente alface, em algumas épocas, morango (especialmente na região sul do Brasil), flores e alguns cultivos exóticos incomuns às regiões.

Já em outras regiões a proteção amplia o período de cultivo durante a época das chuvas, como produção de alface e hortaliças no cerrado brasileiro.

Cultivo protegido x a céu aberto

Em termos de produtividade, em geral, Antônio Bliska Júnior, engenheiro agrônomo e pesquisador da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, estima um ganho mínimo de 40% do cultivo protegido frente ao cultivo a céu aberto. "Isso acontece devido à concentração das plantas e à utilização da área sob cobertura plástica, o que proporciona o ambiente propício para as plantas. A própria proteção oferecida pela estrutura elimina muitos fatores de riscos, como pragas e doenças que infestariam a lavoura desprotegida", argumenta.

Desde que o produtor saiba manejar corretamente o cultivo protegido, reduzindo as aplicações de agroquímicos, ou mesmo trabalhando com a parte de agricultura orgânica, que também vem sendo bastante utilizada nas estufas, é possível agregar um valor interessante ao produto final.

Entre as culturas mais beneficiadas pelo cultivo protegido, Bliska destaca as folhosas (alface, rúcula, agrião), que vem entrando na técnica mais maciçamente nos últimos dois anos, além das já tradicionais, como morango, tomate, pimentão, pepino, entre outras.

Tecnologia crescente

De acordo com Carlos Reisser Júnior, a utilização do cultivo protegido tem aumentado muito devido à maior demanda por produtos de maior qualidade, como frutas e hortaliças que, por sua vez, também apresentam melhor visual e menor contaminação. "Muitos dos produtores orgânicos (de uma determinada linha) estão utilizando a proteção como forma de eliminar o uso de agrotóxicos", informa.

Em relação à produtividade, o pesquisador define alguns termos e pontos de vista. "Por exemplo, em uma região que não se pode cultivar alguma espécie e o uso da cobertura permite o cultivo, o aumento de produtividade torna-se infinito, portanto, difícil de calcular. Porém, uma maneira de se avaliar o aumento de produtividade é que este é tanto maior quanto mais necessário se faz a proteção, chegando a não aumentar a produtividade quando a proteção não se faz necessária. Pode-se fazer um paralelo entre ambientes protegidos e irrigação. A irrigação também aumenta a produtividade onde ela se faz necessária, indo de infinito onde não chove nada, e zero de aumento onde chove adequadamente", compara.

Novos rumos do cultivo protegido

Para a engenheira agrônoma e professora da UNESP, Rumy Goto, o novo conceito de cultivo protegido envolve a aplicação da ciência e de todos os estudos no campo, de forma equilibrada e adequada. "Por muito tempo o cultivo foi feito seguindo-se "receitas", "pacotes tecnológicos", e fomos nos esquecendo de ver/entender as necessidades das plantas, no sentido de fornecer os nutrientes quando necessário. Isso não foi exatamente um "erro" do passado, mas era o que havíamos recebido nos ensinamentos, de uma forma geral", expõe.

FONTE: REVISTA CAMPO & NEGOCIOS

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