sexta-feira, novembro 16, 2012

Nutrição - Palavra-chave para maior produtividade e sanidade

Num futuro não muito distante, agricultores poderão trabalhar com adubação em tempo real, por meio de metodologias de quantificação nutricional com cálculo imediato da taxa de aplicação, sendo que, "sem uma nutrição equilibrada, a planta jamais conseguirá alcançar seu teto produtivo". Essa afirmação, do engenheiro agrônomo e consultor da Cia. da Terra, Hercílio Netto, se justifica pelo fato de os nutrientes utilizados pela planta serem absorvidos do ar e do solo. De modo geral, a nutrição pode ser segmentada em complementar, suplementar, de estímulo ou de proteção. A nutrição complementar é utilizada em situações nas quais não há determinado nutriente no solo, um fator essencial para a máxima produtividade. É o caso do boro, insuficiente em quase 100% dos solos brasileiros, assim como o manganês nos solos do Cerrado, além do cálcio e do magnésio, que são fornecidos pelo calcário. Hercílio Netto afirma que a boa nutrição contribui para o ganho em produtividade e para evitar perdas com o ataque de pragas e doenças. "A planta bem nutrida é capaz de resistir melhor aos processos infecciosos, e como o metabolismo dela está ajustado, não há substâncias livres na folha para o inseto se alimentar", detalha o profissional. Geralmente os ataques de insetos se dão em plantas nas quais a nutrição está em excesso; logo, o produtor deve cuidar para que os nutrientes não faltem ou sejam aplicados exageradamente. "O equilíbrio é tanto (ou mais) importante que o fornecimento", destaca Netto. Para atingir esse equilíbrio, existe a tabela de recomendação (5ª Aproximação), desenvolvida pelas universidades federais de Minas Gerais e que contempla a disponibilidade nutricional no solo. A nutrição moderna calcula, além da curva de demanda e absorção de nutrientes, o cálculo da adubação a partir do que a planta extraiu do solo e o que produziu - essa é a exportação de nutrientes, chamada erosão nutricional de porteira pelo fato de ela ir-se embora em caminhões. A soja, por exemplo, leva do solo um pouco de manganês, molibdênio, potássio, nitrogênio e fósforo. Netto prevê que todos os produtores poderão, por meio da agricultura de precisão, equilibrar o solo. Quando isso acontecer, a adubação será calculada em cima do que foi produzido, levando-se em conta a quantidade exportada, para chegar à adubação de manutenção. De ponta a ponta Na nutrição das plantas cultivadas são encontrados vários tipos de manejo nutricional. A primeira variável está na própria característica nutricional do solo, ou seja, sua fertilidade natural, seguida de fatores como nível tecnológico, genética adotada, campos de produção de sementes, expectativa de mercado, área própria ou arrendada, dentre outros aspectos.
De forma geral, a nutrição, a partir da correção, adubação, suplementação foliar, complementação corretiva de manejo, irá representar mais de 45%, do custo total para algumas culturas como milho, HF, e menos de 15% ao cultivo de algodão, por exemplo. Segundo Hercílio Netto, uma planta bem nutrida tem maior capacidade de absorver CO2, H2O, além de todos os nutrientes provenientes do solo. Com isso, ela se torna apta a expressar todo seu potencial produtivo, sendo capacitada a enfrentar as situações adversas, bióticas ou abióticas. Curva de exportação Na agricultura moderna muitos produtores já trabalham com a curva de exportação. A prática não exige alto investimento, mas o monitoramento da colheita é necessário. Netto explica que, nesse sistema, a adubação é recomendada precisamente para cada talhão, com o intuito de buscar a sustentabilidade e pregar que o terreno com maior produção deve receber mais adubo e vice-versa, sempre partindo do pressuposto que o solo já esteja equilibrado. Nesse momento as zonas de manejo começam a ser trabalhadas, partindo da adubação maior (onde há mais produção), e menor (onde a produção for reduzida). Nutrição por escala Há nutrientes que são mais importantes, de acordo com cada fase do ciclo da planta; isso não dizer que os demais não sejam demandados, uma vez que, para Netto, eles são nutrientes pontuais. "Há nutrientes, por exemplo, que são mais demandados na fase vegetativa, como nitrogênio, molibdênio, enxofre, sódio, manganês e cobre, por tratarem de elementos mais estruturais, importantes para a estruturação morfológica da planta. Em seguida entram os nutrientes necessários para a fase reprodutiva, que auxiliam na brotação das flores", esclarece o especialista, referindo-se ao potássio, cálcio, boro e nitrogênio. De uma fase para outra a planta muda completamente o seu metabolismo, e acumula o que produz no fruto. Esse, por sua vez, é chamado de dreno preferencial. Perenes x anuais Há uma distinção entre plantas perenes e anuais. Netto esclarece que a primeira, quando entra na fase reprodutiva, está preocupada em criar uma estrutura (fruto) de propagação que seja fonte de reserva para ela. "É importante o produtor saber que o metabolismo de uma planta perene, quando entra na fase reprodutiva, produz a estrutura de propagação, que é o fruto. O metabolismo da planta se volta para a produção de açúcares e os açúcares acumulam-se ali, para servirem de fonte de reserva", detalha. Nas plantas anuais como soja, feijão, milho e sorgo, não existe essa distinção. Tudo o que elas produzem é enviado para o fruto, sua estrutura de propagação; dessa forma, a planta não se preocupa com sua sobrevivência. Por isso há grande diferença entre a condução nutricional de uma planta perene e a de uma planta anual, lembrando que no primeiro caso é preciso equilíbrio, porque a planta vai produzir o fruto e continuará vegetando. Hora certa de adubar Para Hercílio Netto, ajustar a adubação das plantas perenes é muito mais complicado do que a das plantas anuais. O excesso de adubação é um problema enfrentado pelos produtores, além das adubações em épocas erradas. Para saber o momento ideal da adubação é preciso entender a fenologia da planta e suas fases, como a o período entre a florada e a fecundação. "Nessa fase, por exemplo, a planta precisa de cálcio e boro para formar o tubo polínico. Se a adubação acontecer em excesso, pode haver aceleração demais do metabolismo da planta - isso pode até afetar o processo reprodutivo dela", alerta o especialista. Ele recomenda que o produtor entenda a sua planta, saiba quantos dias ela passa em cada fase específica para, dessa forma, ajustar a adubação. FONTE: REVISTA CAMPO & NEGÓCIOS

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