Por Jacob Bunge | The Wall Street Journal / Editado e Resumido
O Google Inc. está fincando um pé no cada vez
mais aquecido setor agrícola, investindo em um
sistema que processa dados de sementes e solo
para ajudar agricultores a elevar a produtividade e
economizar dinheiro.
Ontem, a Farmers Business Network Inc.
encerrou uma rodada de captação de US$ 15
milhões liderada pela Google Venture, a divisão de
capital de risco do Google. A "startup" pretende usar os recursos para expandir seu
serviço de análise de lavouras para mais Estados americanos e culturas.
A empresa, que é sediada em San Francisco e foi criada em janeiro de 2014, usa
sistemas de computadores para avaliar dados públicos e privados sobre produtividade
das safras, padrões climáticos e práticas de plantio.
A empresa vende orientações a
produtores sobre como aumentar a produtividade de suas safras e reduzir usos
ineficazes de fertilizantes ou pesticidas.
"Os dados são a ferramenta que vai liderar a próxima onda de ganhos de
produtividade no espaço [agrícola]", diz Andy Wheeler, sócio da Google Ventures que,
com o investimento na Farmers Business Network, vai ganhar um lugar no conselho
de administração da startup. "Estamos nos estágios iniciais de aproveitamento desses
dados.
"
O Google e outros investidores, como a firma de capital de risco Kleiner Perkins
Caufield & Byers, que investe há mais tempo na Farmers Business Network, estão
financiando a empresa nessa área de rápido crescimento, que une o poder
computacional do Vale do Silício às tecnologias de sementes e equipamentos cada vez
mais desenvolvidas que se espalham pelo cinturão agrícola dos Estados Unidos.
A análise de vastos volumes de dados sobre o clima e desempenho de safras pode
ajudar os agricultores a produzir mais milho, soja e outras culturas e eliminar
aplicações desnecessárias de fertilizantes ou pesticidas, segundo as empresas e
produtores.
Firmas novatas como a Farmers Business Network, Farmobile LLC e a FarmLink LLC
alardeiam sua independência das gigantes do agronegócio ao competir por uma fatia
dos investimentos dos agricultores num momento em que a renda de muitos deles
sofre os efeitos de uma queda drástica nos preços dos grãos e da soja desde 2012.
Os produtores que usam o serviço da Farmers Business Network, a um preço de US$
500 por ano, fornecem à empresa dados de produtividade de safras passadas, quais
tipos de sementes foram plantadas, uso de fertilizantes e outras práticas.
A empresa padroniza os dados e os analisa com base em informações de outros
agricultores e no seu próprio banco de dados. Ela, então, devolve ao produtor uma
análise mostrando como está o desempenho de sua lavoura comparado a outras plantadas em solo e com sementes semelhantes e sugere ajustes no plantio e rotação
de culturas. Ferramentas para avaliar o uso de pesticidas e fertilizantes também estão
sendo desenvolvidas.
"Com informações mais transparentes, acreditamos que há um jeito melhor de
plantar", diz Charles Baron, um dos fundadores e vicepresidente de produto da
Farmer Business Network que foi exgerente de produto do Google para projetos de
energia.
Baron diz que o serviço da empresa irá se aperfeiçoar com a adesão de mais
agricultores. Atualmente, ela cobre 2,8 milhões de hectares de lavouras em 17 Estados
e analisa 16 tipos de culturas, como milho, soja, trigo, girassol e grão de bico. Os
recursos captados ontem ajudarão a empresa a se expandir ainda mais nos EUA,
analisar outros tipos de lavouras e desenvolver mais serviços, diz ele.
O investimento também amplia a participação do Google em algumas startups
voltadas para a agricultura e alimentação. A empresa já investiu na Impossible Foods,
uma empresa da Califórnia que está desenvolvendo hambúrgueres e queijos a partir
de vegetais, e na Glanular Inc., de San Francisco, que produz software para gestão
agrícola.
O Google está avaliando outros possíveis investimentos em plataformas que coletam
dados meteorológicos e de plantações, que sistemas como o da Farmers Business
Network podem interpretar para os produtores, diz Wheeler.
"À medida que a população mundial continuar crescendo, vamos continuar
precisando obter uma produtividade cada vez maior dos ativos agrícolas que temos",
diz ele.