quarta-feira, setembro 21, 2011

Nutrição reduz doenças e aumenta o sabor das hortaliças

Programas nutricionais nada mais são do que sugestões de fertilizantes para aplicações ao longo do ciclo de cultivo com dosagens pré-estabelecidas. Servem de referência para as aplicações, mas não levam em consideração as flexibilidades de aplicações de acordo com variações que podem ocorrer, como chuvas, correções de níveis de salinidade ou de pH na solução do solo, ou ainda identificação de imobilização de certos nutrientes como P, Ca ou K.
Por isso, quanto mais tecnificado for o agricultor mais ele deve evitar adotar um programa nutricional pré-definido, que muitas vezes é recomendado por empresas de sementes ou de fertilizantes com finalidades comerciais, mas que induzem o agricultor desassistido a decidir sobre as doses de nutrientes a serem aplicadas.

Resistência das plantas

Segundo o engenheiro agrônomo, especialista em hortifruticultura e gerente de Negócios Fertilizantes Especiais da ICL Ferlizantes, Luiz Dimenstein, não existe relação direta entre nutrição e resistências das plantas ao ataque de pragas e doenças. "Apenas se supõe que qualquer indivíduo bem nutrido é mais tolerante e resiste melhor a ataques de patógenos e pragas, assim como também suporta melhor o stress ambiental. Há, contudo, certos nutrientes que ajudam diretamente, como o silício, que forma uma parede celular mais espessa e, portanto, passa a ser uma barreira física contra ataques de certos insetos", explica.
O fertilizante MKP (Mono Potássio Fosfato) tem efeito comprovado contra oídio em uva, tomate, melão, abobrinha, pepino e outros cultivos, embora ainda não se tenha uma explicação que justifique o mecanismo de ação desse fertilizante sobre tal doença fúngica específica.
Outro caso bastante conhecido diz respeito ao fosfito (PO3-), que tem ação contra alguns fungos, como míldio, phytophthora e outros. Esse fosfito vem acompanhado de algum nutriente, que é um cátion como K, Zn, Mg, Cu, entre outros. Porém, Luiz Dimenstein informa que o fosfito não tem ação nutricional como fonte de P, ao contrário do fosfato (PO4-), que fornece o nutriente.

Sabor

O elemento do sabor é o potássio, embora ele não esteja sozinho nessa tarefa. Sabemos que K é um regulador osmótico com alta mobilidade na planta e chega aos frutos como elemento mais abundante. No metabolismo, K age como ativador enzimático de mais de 60 enzimas, muitas das quais se expressam durante a maturação dos frutos.
"Na formação do sabor o brix aumenta como uma combinação de atividades enzimáticas para quebra dos carboidratos, que são amidos e polissacarídeos, e isso demanda muita energia. Então, na fase de pré-maturação a formação de moléculas ricas em energia demanda fósforo para produzir ATP, e assim a carência de P limita o potencial de se obter altos teores de brix, seja em hortaliças, frutas ou mesmo em cana", detalha Luiz Dimenstein.
O suprimento de P via solo na fundação com fertilizantes não solúveis em altas doses pode ser limitante por sua ineficiência, e não estar disponível às plantas no momento de maior demanda. Portanto, o fracionamento de pequenas e frequentes doses de P solúvel via fertirrigação permite que o elemento esteja livre e disponível na solução do solo antes deste secar, causando sua imobilização.
O fósforo também pode ser complementado via aplicação foliar e, para isso, os mais adequados fertilizantes solúveis são MAP purificado e MKP.

Influência

Outra influência da nutrição no brix é baseada nos vários fertilizantes que vão compor um coquetel de sais (fertilizantes) e diferentes nutrientes que, juntos, causarão uma salinidade dentro do chamado bulbo molhado nos cultivos irrigados.
"O importante no manejo é ter o controle dos níveis de salinidade por meio da condutividade elétrica (CE) da solução do solo. A alta CE dificulta as raízes na absorção de água, que ocorrerá em ritmo mais lento e com bastante soluto. Portanto, com menos água entrando na planta os frutos ficarão com maior concentração de sólidos solúveis totais, ou seja, aumento do Brix", pontua Luiz Dimenstein.

Agricultura ecológica

Na agroecologia há uma teoria chamada de profonbiose, que defende que toda espécie de nutrientes e de solúveis que a planta não consegue metabolizar pelo processo da fotossíntese é liberada na seiva, que atrai pragas e doenças. Isso porque os patógenos são organismos vivos que se mantêm de substâncias simples chamadas de radicais livres, facilmente encontradas na seiva.
"Quando fazemos nutrição da planta com minerais e adubos de lenta liberação, a planta consegue fazer a fotossíntese para transformar todos os nutrientes em proteína e as pragas e doenças não conseguem retirar da planta nenhuma seiva com substância simples", detalha o engenheiro agrônomo especialista em agricultura orgânica, Silvio Roberto Penteado, informando ainda que um dos princípios da agricultura ecológica é não usar adubo solúvel nem adubo orgânico de rápida liberação de nutrientes, e sim produtos minerais e rochas moídas.
No caso de aplicar solúveis, optar por pequenas doses para que a planta consiga metabolizar e transformar em proteína, porque o inseto patógeno não consegue desdobrá-la. Um dos princípios de fazer teste de nutrientes na seiva é a adubação com adubos solúveis, seguido das podas e fatores climáticos.

FONTE: REVISTA CAMPO & NEGÓCIOS

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