sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Perfil do consumo de alimentos passa por mudanças

Os produtos gourmet se caracterizam por serem itens de alta qualidade, usualmente elaborados de forma artesanal ou por meio de métodos únicos, o que lhes confere um caráter de exclusividade, sendo, na maioria das vezes, encontrados em pontos restritos de venda. Tendo isso em mente, para que um produto seja definido como gourmet ele deve apresentar ao menos uma dessas características:

- caráter único;

- origem exótica;

- processamento diferenciado;

- design;

- oferta limitada;

- uso atípico;

- embalagem ou canal de distribuição diferenciado.

Demanda crescente

A demanda por essa categoria de produtos tem sido estimulada, entre outros fatores, por um maior interesse em produtos que traduzam saúde e bem estar (produtos orgânicos, naturais, alimentos funcionais, nutracêuticos, com menores teores de açúcar, sódio, gordura, etc.), que sejam percebidos como mais frescos (com menores índices de processamento ou conservantes) e produtos de maior conveniência (comercializados em embalagens menores, mais práticos, etc.).

A seguir, Emanuel Figueira, analista de Gestão e Negócios da Apex Brasil, instituição que promove exportações e investimentos, assinala cada um desses pontos:

→ Alimentos frescos: a indústria de alimentos começa a perceber que os consumidores querem mercadorias que promovam a saúde, incluindo alimentos fortificados e com aditivos, que previnam o envelhecimento (por exemplo, produtos com adição de cálcio, para prevenção de osteoporose, alimentos que melhorem a memória ou a performance em atividades físicas). Em resposta às manifestações de ativistas, algumas empresas têm diminuído as embalagens, com vistas a não ultrapassar determinado limite de calorias.

→ Alimentos étnicos: além do movimento em direção aos alimentos frescos e naturais, os consumidores têm intensificado a preferência por alimentos étnicos. Inclusive, com a globalização, produtos classificados como étnicos ou exóticos por consumidores mais idosos hoje são comuns para as gerações mais jovens (denominada geração Y). É o caso dos doces japoneses e dos sushis.

"O grande desafio dos produtores é aliar esse frescor e apelo natural à facilidade de preparo e consumo", ressalta Emanuel Figueira.

→ Alimentos processados e embalados: os estilos de alimentação variam de acordo com o estilo de vida. Muitas pessoas têm cozinhado menos, em parte porque donas de casa têm ingressado no mercado de trabalho. Como os pais agora trabalham fora, cada vez fica menos difundido o hábito de reunir a família para uma refeição. Neste sentido, a palavra de ordem é conveniência.

As lojas passam a vender mais que comida: comercializam soluções alimentares. Por exemplo, cereais matinais antigamente eram considerados uma conveniência. Os especialistas associam a popularidade dessas soluções ao número crescente de lares habitados por solteiros.

Segundo o Instituto de Ciências Exatas da UFMG (ICEX), a tendência de "gratificação instantânea" - produtos em pequenas porções e fáceis de se preparar, iniciada nos anos 70, leva ao aumento no consumo de produtos fáceis de consumir, cômodos e de alta qualidade.

Comer pode continuar a ser um prazer compartilhado, mas sem o desgaste da preparação e lavagem da louça. A definição de "cozinhar" tem deixado de ser "fazer comida" e se tornado "misturar ingredientes preparados". Os alimentos congelados, com soluções a cada dia mais variadas e saudáveis, aumentam seu potencial de venda.

A qualidade dos produtos embalados tem crescido, de acordo com o Euromonitor (acervo on-line de informações e estatísticas), graças à combinação de sabor, novas tecnologias, fórmulas mais saudáveis (baixos níveis de gorduras, sódio e carboidratos, baixa caloria, refeições vegetarianas) e a capacidade das embalagens em preservar o sabor e o frescor.

"Apelos como "caseiro", "natural", "orgânico" e "saudável" ganham cada vez mais a preferência de famílias em que os pais correm contra o tempo. Porções individuais e reduzidas foram introduzidas para atender às necessidades dos estadunidenses. Embalagens portáteis vêm obtendo sucesso junto ao público que usa uma mão para consumir o alimento e a outra para manejar o mouse, falar ao celular ou manobrar o carro", avalia Emanuel Figueira.

→ Bebidas: a tendência de conveniência, mencionada anteriormente, faz com que os formatos individuais e portáteis ganhem cada vez mais popularidade, no caso das bebidas não alcoólicas. A preocupação com a saúde, também já comentada, tem direcionado os consumidores a alternativas mais saudáveis, beneficiando as vendas de água engarrafada (o consumo de água saborizada tem crescido muito), chá e café prontos para beber e bebidas funcionais.

A preocupação com a obesidade e campanhas contra os refrigerantes têm levado as escolas a restringir a disponibilidade desses produtos aos estudantes. Embalagens de sucos para consumo individual têm obtido sucesso, com alternativas saudáveis para refrigerantes no mesmo formato. O analista de Gestão da Apex relata que, nos últimos anos, o consumo de suco de laranja tem sido afetado pela popularidade das dietas de baixo índice de carboidratos, o que levou a um decréscimo de 8% nas vendas no varejo.

Em se tratando de bebidas alcoólicas, cervejas light ou com calorias reduzidas (em sua maioria lagers) têm experimentado um crescimento significativo em vendas.

Food Trends 2020

Com base nos fatores de demanda, como crescimento e envelhecimento da população no Brasil e no mundo, o aumento do poder de compra, a redução do número de filhos por família, a participação das mulheres no mercado de trabalho e maior acesso à informação, entre outros, chegou-se a cinco grupos de tendências, validadas por estudos elaborados por centros de referência internacionais. No centro desses estudos está o projeto Brasil Food Trends 2020, constituído por três etapas principais. São elas:

1. Sensorialidade e Prazer: alimentos premium, étnicos, gourmet, etc.

2. Saudabilidade e Bem-estar: produtos light/diet, energéticos, fortificados, etc.

3. Conveniência e Praticidade: pratos prontos, produtos para micro-ondas, etc.

4. Confiabilidade e Qualidade: garantia de origem, selos de qualidade, etc.

5. Sustentabilidade e Ética: embalagens recicláveis, selos ambientais, etc.

No escopo deste projeto será constituído um grupo, formado por empresas, executivos, entidades que representam o setor, governos e consumidores, entre outros, para discussão e monitoramento de tendências, no âmbito da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos).

"No Brasil Food Trends 2020 pesquisamos as diferentes tendências mundiais da alimentação com base na análise de relatórios estratégicos produzidos por institutos de referência. Constatamos que existia uma convergência destas tendências em cinco categorias, que denominamos de macro tendências, citadas logo acima", explica Raul Amaral Rego, coordenador Técnico do projeto Brasil Food Trends 2020 e da Plataforma de Inovação Tecnológica do ITAL.

A pesquisa, de âmbito nacional, foi encomendada pela Fiesp para o projeto BFT 2020, e demonstrou que o Brasil tem uma forte aderência às tendências atitudinais de consumo de alimentos encontradas em outros países mais desenvolvidos.

FONTE: REVISTA CAMPO E NEGOCIOS

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